domingo, 23 de julho de 2017

A primeira vez - Primeiro ato

Comece do começo:
Prológo: https://andantedosventos.blogspot.com.br/2017/07/a-primeira-vez.html


PRIMEIRO ATO:

PLANEJAMENTOS


Era dezembro de 2014 quando decidi ir caminhando até Pirenópolis. Estava no Balaio (Salve Balaio!) com dois amigos especiais (Preussines e Maysoca) que tramavam uma pedalada pela Estrada Real.
Em cima daquela escada da Praça dos Prazeres tomei uma decisão que a princípio parecia apenas um sonho que jamais seria realizado... Existem tantos assim, né?! Mas determinei e convidei os dois... Acharam loucura, mas eu tava certa de que faria aquilo.

Tempos depois a Luênia, uma amiga que tinha feito a caminhada pelo (Re)vivendo êxodos, me disse... "Vai, mas vai com alguém... Você pode caminhar sozinha, é bom. Vocês podem não conversar enquanto caminham. Mas é sempre importante ter aquela pessoa pra pegar na sua mão e falar: 'Vamos! Você dá conta! Não desiste! Tamo junto!" Me lembro muito do olhar da Luênia enquanto me dizia isso e, até hoje, esse olhar e o toque dela na meu pulso ao dizer essas palavras, aparece na minha mente sempre que dá vontade de desistir.

Nos planejamentos fui falando com várias pessoas a respeito. Umas pessoas achavam a ideia o máximo, outras loucura... Até que um amigo, o Gabriel, topou ir comigo. E esse aceite foi fundamental pra me fazer ir de verdade! A gente determinou uma data e começamos a estudar o caminho, as comidas, as necessidades... Nem eu, nem ele havíamos feito algo parecido. Às vezes eu sentia que ele ia acabar desistindo, mas ele se firmava toda vez que eu questionava ele, e contava pra todos seus amigos sobre a empreitada que faríamos. Precisávamos ir num feriado, marcamos uma data e nos organizamos pra isso... Mas próximo a data chovia e achamos melhor adiar pro próximo feriado... No meio disso marcamos outra data, que era mais curta e também chovia... Até enfim marcarmos a saída pro dia 4 de junho de 2015, feriado de corpus christi. Era o último feriado do ano e eu sabia que era naquele dia ou não mais... Então me firmei em conseguir tudo pra isso.

Enquanto fazia os planejamentos, estudávamos a estrada, fazíamos prospecção de campo, analisávamos lugares pra hospedagem e tudo o mais... Eu seguia contando pras pessoas, amigas, conhecidas ou não, sobre o que faria e se tinham interesse em ir junto.

Publiquei um anúncio no facebook pedindo dicas do caminho e se alguém já tinha feito o percurso a pé. Um amigo indicou um amigo que logo se prontificou contando que já havia feito o caminho:
- Fiz! Sim!
- Iauuu! Que bom? A pé?
- Opa! Não! A pé não! A pé ninguém fez! Fui de bike.
- ah... ok :/

Nessas, o Cláudio Chinaski, sem nem me conhecer pessoalmente, me mandou um tracklog salvador e me disse como usar. Eu e Gabriel fizemos uma parte do percurso de carro pra verificar a estrada, se tinha sombra, água, kilometragem etc.

Combinamos com amigos (primeiro com o Lucas, depois com Maysa) que nos levariam pra Girassol às 4h da manhã e dariam apoio caso necessário.

Chamei amigos pra irem de bike e cruzarmos no caminho ou fazermos algum trecho juntos. Pessoas apareciam e sumiam na ideia doida de ir pra Piri a pé.

Comecei a fazer caminhadas em Brasília, pra treinar. Ia andando pra casa, depois do trabalho, ou ia andando pro trabalho... 8km em 1h. Era um bom ritmo...

Eu e Gabriel listamos as comidas, fomos atrás de mochila adequada, tênis etc...

Chegou a semana! Cintia, Marcelo e Taciana foram comigo comprar alguns itens pra viagem: castanhas no Ceasa, conforme indicação da Vico e barrinhas de cereal no Conic. A Clarinha amada passou a noite descascando e embalando cenourinhas pra mim e pro Gabriel. O Gab. foi comprar as mochilas e outros apetrechos, protetor solar, lanternas, repelente.

Organizamos tudo... Mas... Nem o Lucas, nem a Maysa estavam em Brasília na data e ficamos sem carona pra nos levar pra Girassol. Eita! E agora... começa a vir aquela tensão de "será que vai dar tudo certo?!" Começamos a ligar pra todos os amigos, quem poderia nos levar pra Girassol às 4h da manhã? Ninguém podia, ninguém topava... aí aí aí... E agora? ônibus, só às 7h da manhã... Mas e aí... A gente tinha planejado começar a caminhar às 6h... Será que vai dar tempo, será que vamos ficar muito tempo no sol? Aí aí aí... como será? Será que algum amigo nos leva na rodoviária? Não? Putz e agora? Gabriel passou na minha casa e fomos correndo pra rodoviária... Chegamos em cima da hora... Gabriel me deu um abraço e eu logo senti que ele não iria junto. Mas ele não disse, ainda queria ir. Corremos pra comprar a passagem, fila enorme! Gabriel foi segurar o ônibus e eu tentar comprar a passagem. Acabou! Agora só pro ônibus das 9h. Putz!!! E agora???

Decidimos pegar o ônibus das 9h e descer no meio do caminho entre Girassol e Edilândia. O importante era começar naquele dia. Compramos as passagens e fomos tomar um café enquanto dava a hora. Lembrei que estava sem boné e enquanto fui atrás de um o Gabriel recebeu uma ligação.

"Ferr, eu não vou mais..."

(continua...)

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